Novo Banco: "Vamos pagar para nos comprarem o banco"
Manuela Ferreira Leite não acredita no fundo de investimento Lone Star como um candidato sério à compra do Novo Banco e sublinha que a proposta feita envolve um risco para o Estado português de 500 milhões de euros.
Manuela Ferreira Leite sublinhou esta
quinta-feira, no seu espaço de comentário habitual da TVI24, que, “em
termos financeiros”, a potencial compra do Novo Banco pelo fundo
norte-americano Lone Star não é um negócio seguro para o Estado
português, antes pelo contrário.
“Aquilo que está em causa é praticamente nós pagarmos para nos
comprarem o banco”, explicou a antiga ministra das Finanças, sublinhando
que aquilo que é oferecido é bastante menor do que é exigido ao Estado.
Recorde-se que, esta quarta-feira, o Banco de Portugal anunciou a
Lone Star como a entidade mais bem colocada para comprar o Novo Banco.
Mais tarde, foi avançado que a proposta do fundo de investimento
norte-americano consiste numa oferta de 750 milhões de euros com a
garantia de um aumento de capital no mesmo valor caso ganhe a operação,
portanto 1500 milhões de euros. No entanto, são pedidas garantias ao
Estado português no valor de 2 mil milhões de euros, um risco de 500
milhões de euros.
Ferreira Leite explica, portanto, que a proposta do Banco de Portugal
“não é bem um proposta”. “É aquilo que considera ser a [solução] menos
má. E as negociações vão continuar”, adiantou.
A antiga governante relembra que é premente que os portugueses sejam
esclarecidos em relação ao projeto para a instituição que resultou da
cisão do Banco Espírito Santo.
“A
venda de um banco não é uma coisa simples e inocente. (…) Quando se
vende um banco, aquilo que se está a vender é, primeiro, uma estrutura
técnica de grande qualidade - como tinha o BES -, é um conjunto de
clientes, créditos concedidos, financiamento da economia. E um
financiamento muito específico porque o BES, agora Novo Banco, era quem
primordialmente e preferencialmente financiava as pequenas e médias
empresas, portanto uma grande influência no emprego. O que se está a
vender é isto”
Nesta senda, Ferreira Leite descreve o fundo de investimento melhor
posicionado para a compra, a Lone Star. “Esta instituição é um fundo que
se dedica à compra de empresas em dificuldades e depois reestrutura-as,
remodela-as e depois vende-as, tudo muito rapidamente”, indicou,
explicando que a empresa pode “ser vendida aos bocados”, ou seja,
destruindo a atividade bancária.
A comentadora recorda, ainda, que a Lone Star é um fundo “que se tem
dedicado a operações de imobiliários” e que, portanto, não terá
experiência em gestão bancária.
“Se está interessado em comprar estas instituição é talvez por causa
do edifício na Avenida da Liberdade, e por todos os edifícios espalhados
pelo país, mas não sei se é pela atividade bancária e por aquilo que o
banco representa na nossa atividade económica”, alertou.
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